O quarto e último painel do dia no XXI Seminário Internacional da FACPCS – Normas Internacionais de Contabilidade e de Sustentabilidade, realizado nessa quarta-feira (30), iniciou com a palestra que deu nome à atividade: “Informações sobre sustentabilidade e seus reflexos nas demonstrações: o que contabilizar e o que divulgar?”, apresentada pela coordenadora da Comissão ESG do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), Virgínia Nicolau Gonçalves. Na exposição, a palestrante abordou desafios que as empresas enfrentam para compor seus relatórios ESG, em relação às informações que são relevantes de serem reportadas e o entendimento do impacto delas nos resultados financeiros das companhias. Ela falou, ainda, sobre a perspectiva do que as empresas estão discutindo diante da necessidade da integração das normas IFRS S1 e S2 em suas operações.
Ao longo da palestra, Virgínia propôs reflexões sobre pontos como: o que os investidores querem consumir de informações sobre sustentabilidade, a clareza sobre materialidade de impacto e materialidade financeira, e entendimentos dos textos das IFRS S1 e S2. Entre os materiais que embasaram a apresentação, estavam estudos que investigaram a relação entre ESG e a performance de diferentes empresas entre os anos de 1970 e 2015; pesquisas feitas com investidores de 25 países sobre utilização de informações de ESG para investimentos; e uma linha do tempo com padrões internacionais e instituições que estão contribuindo para agenda de reportes ESG, incluindo uma análise do que a IFRS Foundation propõe em suas normas, a partir do que se construiu em aliança com padrões e outras instituições vigentes. Um dos pontos reforçados por Virgínia foi a importância do trabalho de construção do reporte envolver diferentes setores da empresa e a comunicação entre eles. “Essa é uma agenda interdisciplinar. Não vejo um profissional de Sustentabilidade chegar a certas informações sozinho, ou o de Contabilidade conseguindo entrar na agenda sem falar com Sustentabilidade. É necessário também que as áreas de gestão de riscos participem mais desse processo”, afirmou a coordenadora.
Outros convidados para integrar o painel como debatedores foram o coordenador de Relações Internacionais do Comitê Brasileiro de Pronunciamento de Sustentabilidade (CBPS), Leandro Ardito, e o head of Equities do Bradesco Asset Management e conselheiro da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Rodrigo Santoro Geraldes. O debate aconteceu sob moderação de Renata Bandeira, que é membro do IFRIC e IFRS Interpretations Committee, e representou a IFRS Foundation no painel.
Cada debatedor colaborou com análises do tema a partir de suas áreas de atuação. Leandro, que é auditor, comentou sobre o papel desse profissional “Nosso trabalho passa por todo um entendimento dos controles internos, da origem das informações, entre outros dados. Também levamos em consideração a norma de asseguração que vamos usar. Hoje seguimos uma norma geral de asseguração, a ISSAI 3000, mas em breve será aprovada uma norma específica”, explicou. Ele também reforçou a importância das equipes multidisciplinares na construção dos relatórios, e da governança na aprovação deles. Já Rodrigo trouxe uma visão dos investidores. Ele, que é investidor na instituição e também colabora com a preparação do relatório ESG da empresa, deu um panorama de aspectos geralmente considerados para investimentos. “Integramos ESG dentro da análise, como uma variável a mais dentro de outras, tais como análise competitiva da companhia, de precificação, de riscos, e também da métrica ESG. Hoje não conseguimos quantificar diretamente o impacto nos valuations, sendo feita então uma análise mais qualitativa e de comparação em nossas classificações”, afirmou.
Os participantes do evento, tanto na modalidade presencial quanto na virtual, puderam fazer perguntas e comentar casos no momento reservado para interação com o público, gerando ainda mais insights sobre o tema do painel.
por CFC
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