Embora número de empreendedoras no Brasil seja alto, negócios fundados por mulheres ainda rendem 21% menos que dos homens.
Um universo em franca expansão, mas ainda limitado por preconceitos e amarras que parecem sair diretamente do século XIX. Assim é o empreendedorismo feminino no Brasil. Embora, em 2022, as mulheres já fossem 46% dos empreendedores iniciais no país, de acordo com o Sebrae, o “Panorama do Empreendedorismo Feminino no Brasil”, documento elaborado em 2024 pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e pelo Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), destaca que “o rendimento mensal das mulheres que trabalham por “conta própria” é 21% inferior quando comparado ao dos homens”.
Mudar esse cenário ainda desfavorável é uma missão que envolve uma série de estratégias. Uma das mais eficazes, no entanto, ainda é o bom e velho networking feminino. De acordo com a head do Ecohub da Universidade Positivo, Maura Harumi Sugai Guérios, as conexões são indispensáveis para mulheres que querem empreender. “É importante porque, quando você tem ali pessoas com quem você pode trocar experiências, você aprende com a experiência dos outros, com as dificuldades que os outros tiveram. Isso aumenta muito a chance de sucesso”, comenta. Ela lembra que isso é ainda mais verdadeiro quando o assunto é o empreendedorismo feminino. Essas trocas ajudam a criar um senso de comunidade e de que essas mulheres não estão sozinhas. “Muitas vezes, em eventos e palestras, a gente vê poucas mulheres nos palcos, poucos casos de mulheres sendo divulgados. Isso pode gerar uma sensação de solidão no contexto do empreendedorismo. Então conhecer outras mulheres empreendedoras e ver como elas gerenciam seus negócios traz informações e ideias muito importantes.”
Mas conhecer outras empreendedoras não é mera questão de se sentir parte de um todo. Também depende delas o contato com agentes fundamentais para o sucesso dos negócios. “As conexões são muito importantes quando a gente está procurando investidores, colaboradores ou fornecedores. A opinião de parceiros e amigos é sempre um ponto a se considerar e nos ajuda a direcionar nossas ações”, destaca a especialista. Ela lembra, ainda, que ter uma rede de conhecidas que também empreendem é uma forma eficaz de gerar awareness sobre o seu negócio. Ou seja, as redes de conexões entre mulheres ajudam a divulgar e fomentar os negócios dessas mulheres, fazendo com que todas cresçam juntas.
Como criar essas conexões?
“Minha dica para fazer conexões é conversar, em qualquer contexto. Por exemplo, quando você vai a um restaurante que é gerido por uma mulher, tente conversar, entender como ela está gerindo aquele negócio. Também existe uma série de comunidades em várias cidades que fomentam o empreendedorismo feminino, com eventos realizados por diferentes entidades”, aconselha Maura. Ela pontua que o Sebrae é, historicamente, um grande apoiador do empreendedorismo e costuma ter muitos eventos e encontros justamente para promover essas conexões, mas que ambientes de inovação como o Ecohub também tem a função de promover capacitação e conexões para fomentar o empreendedorismo. “O fundamental é estar disposto a conversar. As conexões não ocorrem apenas em eventos formais ou em reuniões específicas. O segredo do empreendedor de sucesso é que ele está sempre observando, em todo contexto, seja observando a gestão de uma fila de supermercado, de um café, de uma loja do shopping, mesmo que não seja esse tipo de negócio o que ele tem.” Todas as situações podem ensinar algo para quem empreende.
por Central Press
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