Veja o case da Ruralplace – a força da inovação local que começa no campo e se conecta ao Brasil inteiro.
Não é preciso estar em uma grande cidade para construir uma startup que cause impacto no dia. Cada vez mais, os polos de inovação fora do chamado “eixo tradicional” vêm ganhando corpo, visibilidade e relevância nacional. Do sertão nordestino à floresta amazônica, iniciativas estão transformando ideias locais em soluções globais.
Por trás de muitas dessas histórias está um elemento em comum: um ecossistema que respeita as particularidades regionais e aposta na potência do empreendedor local. Mais do que oferecer apoio técnico ou acesso a programas de capacitação, o Sebrae Startups têm assumido o papel de conectar talentos e oportunidades, território e tecnologia, tradição e inovação.
O Brasil não tem um ecossistema de inovação. Tem vários. E cada um com sua identidade, seu ritmo, seus desafios e suas soluções. A missão do Sebrae é potencializar essas singularidades.
Danielle Abreu, analista técnica do Sebrae MA.
Esse movimento se reflete na criação de verdadeiros polos criativos em cidades até pouco tempo fora do radar da inovação. Em Florianópolis, iniciativas como o Startup SC se consolidaram como modelos. No interior do Nordeste, programas como o StartupNE mostram que o futuro pode, sim, nascer em solo semiárido. E no Norte, o Inova Amazônia prova que a biodiversidade também é um ativo tecnológico.
“A startup não é só tecnologia. É sobre resolver problemas reais. E ninguém entende melhor os problemas de uma região do que quem vive ali”, afirma Danielle.

Ruralplace: uma ideia do Maranhão que conecta o campo ao comércio local
Esse é o caso de Jefferson Freitas Barreto, fundador da Ruralplace, uma startup maranhense que nasceu da inquietação diante de um problema que parecia invisível, mas gritava nas entrelinhas: por que o Maranhão — tão rico em recursos naturais — depende de frutas e legumes do Ceará para abastecer suas cidades?
A Ruralplace começou como um marketplace e evoluiu para um hub de conexão entre a agricultura familiar e o comércio local. A virada de chave foi durante sua participação no Startup Day, promovido pelo Sebrae, em março de 2023, na cidade de Chapadinha, no interior do Maranhão.
O Startup Day foi literalmente o ponto de partida. Nunca tinha tido contato com inovação. Participei do desafio de combate à fome e descobri essa dependência absurda do Maranhão em relação ao Ceará. A partir daí, nasceu a Ruralplace.
Jefferson Freitas Barreto, fundador da Ruralplace.
Ele diz que é fundamental destacar essas iniciativas realizadas fora dos grandes centros, porque mostram para muitos empreendedores e empreendedoras do interior que é possível, sim, tirar suas ideias do papel. “Conheci projetos incríveis que, muitas vezes, ficam restritos ao ambiente acadêmico justamente por falta de incentivo. Mostrar que há um caminho é, sem dúvida, uma forma poderosa de inspirar e transformar realidades locais”, reforça.
O evento foi o primeiro passo de uma jornada que levou Jefferson ao programa Negócios Rurais e, em seguida, ao Inova Amazônia – Ideação, onde teve quatro meses de acompanhamento do Sebrae. A startup passou a mapear produtos que o estado consome, mas não produz, e identificar como o agricultor familiar pode suprir essa demanda. Um exemplo é a banana: o Maranhão tem 30% mais produtividade por hectare que o Ceará, mas ainda assim importa da região vizinha.
Percebi que muitas vezes o agricultor e o comerciante local nem conseguem negociar entre si, porque falam diferentes linguagens: um vende por saquinho, o outro compra por quilo.
Jefferson Freitas Barreto, fundador da Ruralplace.
Hoje, a Ruralplace integra também o programa Startup Piauí e o portfólio de um hub internacional de inovação, tendo despertado até o interesse de grandes produtores para intermediação de commodities como milho e soja. Agora, Jefferson e sua equipe estudam como essa nova frente pode ajudar a financiar a profissionalização e capacitação da base produtiva.
“Se a gente conseguir fazer esse negócio girar, pode ajudar muita gente. Já participei de eventos na Paraíba e em Manaus e percebo como essa dor se repete no Brasil todo. O potencial está aqui — só falta conexão”, conclui o fundador da Ruralplace.
É sabendo das ideias e oportunidades ainda não aproveitadas que o Sebrae Startups vem ampliando o número de projetos nos quatro cantos do Brasil. “O Maranhão tem vocação para empreender, especialmente no interior. Iniciativas como a Ruralplace mostram que é possível gerar soluções relevantes a partir de desafios locais. O papel do Sebrae é exatamente esse: dar suporte para que essas ideias ganhem força, estrutura e visibilidade”, afirma Danielle.

O desafio que vem pela frente
O próximo passo? Ampliar as conexões entre os ecossistemas e pegar o que dá certo em um estado para inspirar o outro — sem perder a identidade de cada território.
“O que a gente quer é ver startup de Mossoró vendendo para o mundo. É ver negócio do Acre escalado com apoio de um parceiro de Santa Catarina. O Sebrae é essa ponte. E é isso que a gente vai continuar construindo”, diz Danielle.
Com estrutura capilar, diálogo com todos os estados e atuação em rede, o Sebrae Startups se consolida como a engrenagem que dá vida à diversidade empreendedora do país – fazendo com que cada canto do Brasil possa, de fato, ser um lugar onde ideias saem do papel e viram soluções reais.
por Sebrae
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