Especialista aponta possíveis mudanças no caso de avanço da proposta para acabar com a atual escala.
São Paulo, dezembro de 2024 — Dentre os diversos debates que cercam a “PEC 6×1”, que propõe a redução da jornada de trabalho no Brasil de 44 para 36 horas semanais e a abolição da escala de seis dias trabalhados, um dos tópicos que exigem mais discussão é a situação da área contábil. Como as mudanças propostas afetariam o dia a dia fiscal das empresas e de que maneira os contadores devem se preparar para isso?
Essas são as perguntas levantadas por Max Gabriel, sócio-proprietário da Sima Contábil, empresa parte da Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa). “A busca por melhor qualidade de vida é sempre válida e precisa ser debatida, assim como os efeitos econômicos desse tipo de alteração no contexto brasileiro. No caso da contabilidade, há alguns pontos específicos a serem analisados”, comenta.
Um desses pontos é a necessidade de reavaliação de contratos e leis trabalhistas, o que significa estudo e adaptação por parte dos profissionais. Trata-se de uma questão que reforça o papel analista e consultivo dos contadores, uma vez que não basta a simples atuação sobre as normas, mas também o acompanhamento das mudanças e uma presença proativa nas empresas. Mesmo agora, enquanto a PEC ainda está em fase de argumentação, é preciso monitorar e verificar as probabilidades daqui para frente.
“Definições relacionadas a horas extras, descanso semanal, férias, compensação de feriados e vários outros detalhes ainda precisam ser discutidos. De todo modo, a contabilidade terá um papel central na hora de emplacar todas essas transformações, e será um setor que enfrentará uma transição complexa. É essencial que as empresas não se esqueçam disso”, reforça Max.
Outro ponto relevante é que as propostas da PEC, em especial a que sugere uma nova escala 4×3, também afetariam os próprios escritórios de contabilidade. Segundo Max, a demanda da área é muito alta para que a mudança seja viável para muitas companhias, exceto na ocasião de contratação de novos profissionais para compensar as horas perdidas. Só que, neste caso, os custos do serviço naturalmente aumentam, o que seria repassado para o mercado.
“A contabilidade já enfrenta sérias dificuldades na contratação de profissionais capacitados, o que significa que precisar de ainda mais pessoas para realizar novos turnos é um desafio que não pode ser ignorado. Assumindo que os escritórios consigam cobrir esse gap, haverá um aumento de custos, e o mercado precisaria arcar com uma nova tabela de preços para serviços fiscais”, completa o especialista.
Atualmente, a PEC 6×1 segue em discussão na Câmara dos Deputados, acompanhada de manifestações espalhadas pelo país.
por EDB Comunicação
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